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Quando o cuidado vira alvo

Atualizado: 11 de nov.

Ontem, uma decisão do Congresso suspendeu uma resolução do Conanda que orientava o atendimento humanizado de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

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É difícil escrever isso.

Difícil porque estamos falando de crianças. De adolescentes. De histórias feridas, marcadas, muitas vezes silenciadas. De vidas que pedem cuidado — não julgamento, não burocracia, não disputas políticas.

A resolução não inventava direitos. Ela só dizia algo simples: que nenhuma criança violentada deveria ser revitimizada na hora de pedir ajuda. Que o acolhimento deve ser gentil. Que a escuta deve ser responsável. Que a dor deve ser tratada com humanidade.

Ao suspender essa orientação, o país dá um passo atrás. E cada passo atrás, nesse campo, tem nome, rosto, idade e cicatriz.

Nós, que trabalhamos todos os dias com a prevenção e o enfrentamento da violência, sabemos o que isso significa. Sabemos o impacto de um atendimento frio, moralizado, violento, burocrático. Sabemos o tamanho da coragem que uma criança precisa ter para pedir ajuda. Sabemos que, quando o Estado falha, é o corpo, o coração e o futuro dela que pagam a conta.

Não há neutralidade quando uma criança sofre.

No Núcleo Espiral, há 17 anos, cuidamos de histórias que chegaram quebradas e encontraram, aos poucos, espaço para respirar. E é por isso que essa decisão nos dói. Porque é impossível conviver com esse tipo de retrocesso sem lembrar do olhar de quem já passou por isso.

Não estamos falando de números, resoluções ou siglas. Estamos falando de gente.

De meninas e meninos que precisaram sobreviver ao que ninguém deveria viver. De famílias que lutam para recomeçar. De profissionais que se desdobram para proteger, acolher e reconstruir vínculos.

Suspender uma diretriz de cuidado é dizer, mesmo sem palavras, que essas vidas podem esperar. Mas elas não podem. Não devem. Não merecem.

Por isso, seguimos.

Continuamos formando profissionais, acolhendo famílias, capacitando redes de proteção, denunciando violência e construindo caminhos de prevenção.

Seguimos acreditando que cuidar ainda é um ato de resistência.


E, mais do que nunca, seguimos lembrando o que o Brasil insiste em esquecer:

Crianças não têm voz no Congresso.

Por isso, precisamos ser a voz delas.


Que nunca nos falte coragem para proteger quem não pode se proteger sozinho.

Que nunca nos falte humanidade para enxergar a dor para além da política.

Que nunca falte cuidado — mesmo quando o cuidado vira alvo.

 
 

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