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Quando a dor coletiva pede escuta: o trauma que o Rio de Janeiro nos revela

Nos últimos dias, o Brasil inteiro foi atravessado por imagens difíceis de suportar. As ruas do Rio de Janeiro amanheceram marcadas por uma operação policial que deixou mais de uma centena de mortos — mães procurando filhos, comunidades em silêncio, escolas fechadas, olhares vazios.


É impossível não sentir o impacto dessa cena. Mesmo quem não estava lá, sente. Porque o trauma não pertence apenas a quem o vive diretamente — ele se espalha, alcança o corpo social, adoece a esperança e fragiliza nossa fé na vida.


O que aconteceu no Rio é um trauma coletivo. E o trauma, quando não é acolhido, se transforma em medo, em raiva, em desconfiança. Ele cria muros invisíveis dentro de nós.


Mãos dadas em forma de apoio

O trauma não some — ele se aloja no corpo e nas relações


No Núcleo Espiral, ao longo de 17 anos de atuação com crianças, famílias e cuidadores, aprendemos que o trauma não é apenas um acontecimento passado. Ele se aloja no corpo, no olhar, nas palavras que deixamos de dizer, nos gestos de defesa que repetimos sem perceber.


Uma criança que cresce em meio à violência aprende a se proteger cedo demais. Um cuidador que vive o medo diariamente endurece para continuar existindo. Uma família que perdeu alguém passa a viver entre o amor e o luto.

Por isso, o caminho da prevenção da violência começa com reconhecer a dor. Olhar para ela com respeito, sem julgamentos. Dar nome ao que aconteceu, abrir espaço para o que foi sentido, e permitir que o corpo e o grupo reencontrem o equilíbrio.


Escutar é um ato político e amoroso


Em tempos de ruído, o silêncio pode ser perigoso. É na escuta — atenta, presente e sensível — que as histórias começam a cicatrizar.


Quando escutamos uma criança que tem medo, um jovem que se revolta, ou uma mãe que perdeu a esperança, nós fazemos prevenção. Acolher é o primeiro passo para interromper o ciclo da violência.


No Espiral, acreditamos que cuidar é transformar: é devolver ao outro a possibilidade de existir sem medo, é reconstruir a confiança nas relações, é mostrar que ainda é possível viver com dignidade e afeto, mesmo depois de tanta dor.


Cuidar de quem cuida também é curar o trauma


Educadores, profissionais da saúde, assistentes sociais, líderes comunitários — todos eles carregam o peso emocional de escutar e testemunhar histórias duras. Por isso, quem cuida também precisa ser cuidado.


Sem suporte emocional, o trauma de um se transforma em sobrecarga do outro. Mas quando o cuidador é acolhido, ele se torna ponte. E o cuidado se multiplica, alcançando as crianças, as famílias e toda a comunidade.


Escolher o cuidado como resposta


Diante do que vivemos, é natural sentir indignação, tristeza e impotência. Mas talvez este seja o momento de lembrar: a prevenção da violência começa na forma como reagimos à dor.


Podemos repetir o ciclo, ou podemos interrompê-lo. Podemos endurecer, ou podemos cuidar. Podemos virar o rosto, ou podemos escutar.


O Núcleo Espiral existe para sustentar essa escolha — a escolha do cuidado como resposta. Porque toda vez que alguém é ouvido, amparado e reconhecido, um pedaço da violência se desfaz.


Você pode contribuir de forma simples e sem custo, doando sua Nota Fiscal Paulista. Acesse nosso site (https://www.nucleoespiral.org.br/nota-fiscal-paulista) e veja o passo a passo para se tornar um apoiador. 


Autora: Juliana Ayres Diretora de relações institucionais do Núcleo Espiral. Empresária com experiência nas áreas financeira, de qualidade e comercial, atua na ONG para viabilizar projetos e captação de recursos.



 
 

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