Quando a violência transborda, o cuidado precisa falar mais alto
- comunicacaoespiral
- 29 de out.
- 3 min de leitura
Os acontecimentos recentes no Rio de Janeiro — uma das operações policiais mais letais da história do país — revelam mais do que um episódio isolado. Eles escancaram um ciclo de dor que se repete há gerações, onde o medo e a violência substituem o diálogo e a empatia.
Mas toda vez que a violência explode nas ruas, é preciso lembrar: ela começa muito antes do primeiro disparo. Ela nasce nas ausências, nos silêncios, na falta de oportunidades, no cansaço dos cuidadores e na solidão das crianças que não são ouvidas.
No Núcleo Espiral, acreditamos que a prevenção da violência não se constrói com armas, mas com vínculos. É no olhar que acolhe, na palavra que escuta, no abraço que ampara, que as histórias começam a mudar.

A infância como raiz da transformação
Toda criança que cresce sem espaço para expressar sua dor carrega o risco de transformá-la em violência. Por isso, cuidar das crianças é cuidar da paz.
Em cada grupo, em cada roda de conversa, nós ensinamos e aprendemos que o corpo fala, que o afeto cura e que o grupo protege. É nesse encontro que nasce a verdadeira prevenção: quando a escuta substitui o grito, quando o gesto de cuidado reescreve o destino.
A infância precisa ser vista como o lugar onde se semeia o futuro. E o futuro que queremos depende de relações mais conscientes, saudáveis e empáticas — entre pais e filhos, professores e alunos, equipes e comunidades.
As famílias: onde a violência pode ser prevenida
A casa é o primeiro território onde o cuidado ou a violência se instalam. Famílias que são escutadas e apoiadas têm mais condições de oferecer proteção, presença e limites afetivos.
Por isso, o trabalho com famílias é um dos pilares do Método Espiral: fortalecer vínculos, promover o diálogo e reconstruir pontes entre gerações. Cada vez que uma mãe encontra apoio, um pai aprende a se comunicar, ou um cuidador entende que não está sozinho, um elo de violência se rompe.
Quem cuida também precisa ser cuidado
Educadores, psicólogos, assistentes sociais, profissionais da saúde e da assistência social vivem, todos os dias, o impacto da dor humana. Sem apoio, eles também adoecem. Por isso, cuidar de quem cuida é uma estratégia de prevenção essencial.
Quando um cuidador se reconhece, se fortalece e encontra espaços de escuta, ele se torna um canal de transformação. O cuidado é contagiante — espalha presença, gentileza e consciência.
Um convite à esperança
Diante da dor coletiva que atravessa o Brasil, escolhemos continuar acreditando. Acreditar que é possível romper o ciclo da violência antes que ela aconteça. Acreditar que cada criança ouvida, cada família fortalecida e cada cuidador acolhido são sementes de um futuro diferente.
O Núcleo Espiral atua há mais de 17 anos com formações, rodas de convivência e projetos socioeducativos que unem teoria, corpo e emoção para promover vínculos, prevenir a violência e restaurar a confiança na vida.
Porque prevenir é cuidar. E cuidar é o ato mais revolucionário que existe.
Você pode contribuir de forma simples e sem custo, doando sua Nota Fiscal Paulista. Acesse nosso site (https://www.nucleoespiral.org.br/nota-fiscal-paulista) e veja o passo a passo para se tornar um apoiador. Autora: Juliana Ayres Diretora de relações institucionais do Núcleo Espiral. Empresária com experiência nas áreas financeira, de qualidade e comercial, atua na ONG para viabilizar projetos e captação de recursos.







