Resistir para Cuidar
- marketing20995
- 26 de jun.
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O filme Vitória, com a atriz Fernanda Montenegro, conta a história de Dona Nina, uma senhora que vive em uma comunidade no Rio de Janeiro e se preocupa com a violência que cresce ao seu redor. Ela é uma mulher firme, atenta, que tenta cuidar das pessoas à sua volta e mostrar que existe outro caminho — mesmo em meio ao medo e à pressão do crime.
Na história, Dona Nina é amiga de Marcinho, um menino que representa uma realidade muito comum nas periferias: a de crianças e adolescentes que se envolvem com o crime como uma forma de escapar da pobreza, da insegurança e da falta de opções. Aos poucos, o tráfico vai tomando conta da vida dele. E quando Marcinho decide entrar de vez nesse mundo, não é só a vida dele que muda — isso também impacta profundamente Dona Nina, que acreditava no potencial do menino e sonhava com um futuro melhor para ele.

O filme nos ajuda a enxergar algo muito importante: a violência nas comunidades não é apenas resultado de escolhas individuais. Ela é, muitas vezes, consequência de uma série de injustiças e ausências — falta de educação de qualidade, poucas oportunidades, desemprego, abandono do Estado. É um ciclo duro, que se repete de geração em geração.
Mas Vitória também mostra que existem pessoas que resistem a esse ciclo. Pessoas como Dona Nina, que mesmo com medo, escolhem continuar cuidando. Escolhem não se calar. Escolhem fazer a diferença.
É nesse ponto que a história de Vitória dialoga diretamente com a atuação do Núcleo Espiral.
Assim como Dona Nina, o Núcleo Espiral acredita que é possível e necessário romper o ciclo da violência a partir do cuidado, da escuta e do fortalecimento de vínculos. Trabalhamos ao lado de crianças, adolescentes e seus cuidadores, oferecendo espaços seguros, afetuosos e transformadores.
Sabemos, assim como mostra o filme, que ninguém nasce "criminoso". Marcinho poderia ter seguido outro caminho, se tivesse ao seu lado uma rede de apoio sólida, oportunidades reais e adultos presentes que acreditassem em seu futuro. É isso que buscamos construir todos os dias: uma rede de proteção viva, colaborativa e comprometida com a infância e a adolescência.
Dona Nina simboliza tantas pessoas com quem caminhamos: educadores, psicólogos, agentes públicos, familiares e lideranças comunitárias que resistem ao medo com ações concretas de cuidado. Seu dilema — “Eles que são os criminosos, e eu quem preciso fugir?” — ecoa em muitas realidades, mas também reforça a urgência de transformar esse cenário com coragem e empatia.
Vitória emociona, provoca e inspira. E nos lembra que, diante da violência, o cuidado é um ato de resistência. No Núcleo Espiral, acreditamos que prevenir é um ato de amor — e que toda criança merece crescer em um ambiente onde suas potências possam florescer.